Os cuidados para prevenir a osteoporose devem ter início
ainda na infância, recomenda o diretor de Relações Institucionais do Comitê de
Doenças Osteometabólicas da Sociedade Brasileira de Ortopedia (Sbot), Márcio
Passini. “O nosso esqueleto vai sendo trocado sistematicamente, porque a gente
vai crescendo”, destaca o profissional.
Segundo Passin, na infância, esse processo é mais rápido.
Depois, na idade madura, pelo menos 6% do esqueleto são trocados por ano.
Quando a pessoa faz uma atividade física, isso estimula o osso a ser mais
forte. O diretor lembra, entretanto, que esse processo não ocorre da noite para
o dia e que é preciso um tempo para que o esqueleto se adapte à nova
necessidade.
O exame chamado densitometria, surgido em 1992, passou a
medir a densidade mineral óssea, isto é, a quantidade de cálcio. “Foi um
divisor de águas, porque passou a permitir que as pessoas que estavam se
tratando de osteoporose soubessem se estavam melhorando. Com isso, foi possível
verificar quais medicamentos funcionavam bem.”
Em 1994, vários países fizeram padrões para a densitometria
de acordo com a sua população. Um estudo foi feito por médicos italianos com um
conjunto de pessoas de 35 anos de idade para mostrar quais eram os padrões. Em
2004, repetiram o estudo, com uma população semelhante à anterior. “E levaram
um susto, porque viram que, em dez anos, a nova população tinha 10% menos massa
óssea do que a população anterior. Dez por cento [em dez anos] significam 1% ao
ano”, ressalta Passini.
Segundo o ortopedista, a população idosa está evoluindo, mas
a população osteoporótica cresce mais ainda. “Tem mais idoso com osteoporose do
que tinha há dez ou 20 anos”. De acordo com ele, essa transformação está
relacionada aos hábitos cultivados desde a infância e a juventude, conhecidos
como hábitos deletérios. É o caso da criança que parou de tomar leite e passou
a consumir mais refrigerante.
Passini disse que a uma das preocupações, entretanto, está
na adolescência, etapa em que a pessoa forma massa muscular que, ao se desenvolver, força o osso a ter uma qualidade
melhor. O médico lembra que, antigamente, havia muitas fraturas em crianças,
até os 12 anos de idade, e depois só fraturas por acidentes graves, porque o
osso ia ficando cada vez mais forte. De acordo com o especialista, hoje o
quadro é outro. Ele destaca que os adolescentes pararam de competir em quadras
esportivas e passaram a competir em jogos de computador.
Na população idosa, está havendo um crescimento de
osteoporose em torno de 10%, estima Passini. “A gente vai ter, no futuro,
praticamente todos os idosos osteoporóticos, o que poderá levar a uma situação
de calamidade pública”. Apesar da expansão do tratamento da osteoporose, o
número de fraturas osteoporóticas vem aumentando. A doença, frisou o médico, é
desproporcional ao crescimento da população com mais idade.
Embora não haja números estatisticamente suficientes,
Passini diz que, em função dos hábitos adquiridos a partir da infância, está
aumentando a proporção de pessoas que têm osteoporose acima dos 50 anos.
"Não atingimos ainda o nível de desenvolvimento de populações mais idosas
como existe no Japão. Mas a gente acredita que a nossa população osteoporótica
vai crescer e vai se igualar à de outras
partes do mundo.”
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Saúde