É mais fácil você levar uma bala perdida nos Jogos do que pegar zika, afirma o professor Eduardo Massad

No ano passado, a coisa estava feia: mais de 84 mil brasileiros foram infectados pelo zika vírus, a microcefalia entre recém nascidos cresceu 1000% e quase 60 países registraram casos da doença.

Mas, às portas da Olimpíada no Rio de Janeiro, a Organização Mundial da Saúde disse, em comunicado oficial, que não há risco de a epidemia crescer por causa do evento.

Exato. Em um vídeo publicado no início de junho, o professor Eduardo Massad, epidemologista da Faculdade de Medicina da USP, explica a tranquilidade da OMS.

Usando estatísticas e dados oficiais, ele mostra que o risco de um turista ser infectado pelo zika vírus na Olimpíada é baixo: a cada 100 mil pessoas, apenas 3 contrairiam a doença - uma chance menor do que a de levar um tiro de bala perdida andando na rua, por exemplo.

Uma das razões por trás disso é o inverno carioca. A probabilidade de alguém ser picado pelo Aedes aegypti durante o verão no Rio de Janeiro, quando o mosquito está a mil, é de 99,9%.

Mas no frio, quando o mosquito não se reproduz tanto, essa chance é muito menor: 3,5%. Em outras palavras, a cada 100 pessoas, apenas 3,5 serão picadas na Olimpíada.

Mesmo assim, ser picado não significa ser contaminado. Na verdade, a cada 100 mil pessoas picadas, só 3 de fato contraem a doença. Para a dengue, essa proporção é um pouco maior: são 5 casos sintomáticos a cada 10 mil indivíduos picados.

Se a gente considerar esses riscos de contágio durante a Olimpíada - quando cerca de 500 mil turistas vêm para o Rio - podemos concluir que, ao todo, serão 15 casos de zika e 250 de dengue.

Agora, comparando esses riscos com dados de outros perigos, dá para entender por que a OMS está tranquila. Olha só: no Rio de Janeiro, a probabilidade de levar um tiro na rua é de 3,8 a cada 10 mil - ou: a cada 10 mil pessoas, 3,8 levam um tiro.

Se 3 pessoas a cada 100 mil desenvolvem o zika com sintomas, dá para concluir que o risco de levar um tiro, mesmo sendo bem pequeno, é 15 vezes maior do que o de contrair a doença com sintomas.

Quer entender melhor? Assista ao vídeo:


Exame

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