A primeira semana de Eike Batista na Cadeia Pública Bandeira
Stampa, conhecida como Bangu 9, transcorreu "na humildade". E também
na solidão. O empresário não recebeu nenhuma visita, apesar de familiares
poderem requisitar o direito. "Ele não quer destoar. Está humildezinho,
frequenta o banho de sol, come a comida dos demais presos", diz um agente.
Eike se alimentou com as quentinhas servidas pela Secretaria
de Administração Penitenciária. O cardápio anda minguado. Com a crise do
Estado, que deve R$ 200 milhões aos fornecedores de refeições dos presídios,
carne e frango são raros. Durante a semana, presos receberam salsicha,
almôndega e moela com arroz, feijão e farofa, ou macarrão com feijão. Eike
contou ainda com a solidariedade dos colegas de cela, com quem dividiu
alimentos levados por suas famílias.
Ele está preso na cela 12, com outros dois investigados na
Lava Jato. Wagner Jordão Garcia, preso na Operação Calicute, é ex-assessor do
governador Sérgio Cabral. O outro é o doleiro Álvaro Novis, sócio na Corretora
Goya.
Na cela de 15 metros quadrados, com dois beliches, o
empresário ocupa uma das camas superiores. Suas roupas estão numa sacola de
plástico. O travesseiro que trouxe dos Estados Unidos fica sobre sua cama.
O Ministério Público Estadual (MPE) intensificou as visitas
às penitenciárias, por causa de rumores de que presos da Lava Jato teriam
recebido favorecimentos, o que não foi comprovado, segundo a coordenadora do
Centro de Apoio de Operação da Vara de Execuções Penais, Andrezza Cançado.
Turma do Cabral
Em Bangu 9 estão milicianos, ex-PMs e ex-policiais civis. De
acordo com um agente, há um clima de tensão entre milicianos e os presos da
Lava Jato. "Eles não gostam da turma
do Cabral. Ninguém se mistura", afirmou.
A promotora Andrezza disse que não recebeu denúncias sobre
esse clima. "Pode ser que os presos da Lava Jato sejam chamados de a turma do Cabral, mas não significa hostilidade."
O Estado de S. Paulo
Tags
Nacional