A Polícia Civil do RJ e o Ministério Público do Rio de
Janeiro (MPRJ) prenderam nesta terça-feira (07/11) o guarda municipal Rodrigo Cesar
de Souza da Silva na Operação Alta Confiança, contra um golpe financeiro dentro
da corporação. Sócio de De Souza, Jadson Luiz do Nascimento Gonçalves era
considerado foragido.
A 57ª DP (Nilópolis) e o Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) abriram investigações contra De Souza
e Jadson, donos da Investimento Confiança, ou IC Invest, por suspeita de
pirâmide financeira.
Na Justiça, há 60 processos contra os dois. Segundo o Gaeco,
que denunciou De Souza, Jadson e outras 6 pessoas, a organização criminosa
movimentou, entre 2021 e 2022, pelo menos R$ 134 milhões.
A 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa expediu 2
mandados de prisão e 8 de busca e apreensão em endereços na Barra da Tijuca,
Recreio dos Bandeirantes e Campo Grande, na Zona Oeste. A Justiça também
determinou o bloqueio de cerca de R$ 500 mil em bens.
O delegado Deoclécio Francisco de Assis Filho, titular da
57ª DP, disse que a quadrilha estava em expansão. “Esse grupo estava expandido
a atuação criminosa em outros estados. Chegaram a montar um escritório na Bahia”,
afirmou.
Como era o esquema
O RJ2 detalhou as denúncias de 12 servidores da Guarda
Municipal à Corregedoria da autarquia e ao MPRJ. Segundo os depoimentos, as
transferências de recursos eram feitas para 3 contas bancárias: uma da
Investimento Confiança, uma da IC Invest e outra de Jadson.
De acordo com as vítimas, De Souza atraía os investidores
dentro da Guarda oferecendo Day Trading, uma operação financeira baseada na
oscilação do preço de ativos, ao longo do dia.
Para entrar no negócio, os investidores adquiriram
empréstimos em bancos ou efetuaram o aporte de valores via cartão de crédito de
até R$ 40 mil.
A dupla oferecia 5% de rentabilidade ao mês, mas os valores
nunca foram pagos.
“Eu me atraí porque seria um valor razoável, 10%, ia me
ajudar financeiramente. Acabei cedendo a essa ilusão, a gente sabe que não
existe esse tipo de investimento hoje em dia. Fiz o primeiro contrato de R$ 30
mil. Vendi um carro na época”, contou uma das vítimas. Ela também vendeu uma
casa e perdeu, ao todo, R$ 110 mil.
“Para dar credibilidade à atividade, os denunciados
simulavam cenário de operações na bolsa, alugavam helicópteros e ostentavam em
redes sociais um estilo de vida luxuoso, com carro importado, viagens e
passeios de alto valor e residência em bairro nobre da capital fluminense”,
afirmou o MPRJ.
A denúncia do Gaeco narra ainda que os investidores
perceberam que tinham sido vítimas do golpe da pirâmide quando receberam um
comunicado das empresas informando sobre a diminuição da taxa de lucros e
rendimentos. Segundo os relatos, as promessas de rendimentos caíram de 5%ao mês
para 2% e até 1% ao mês, chegando à completa interrupção dos pagamentos.
Em nota, o Guarda Municipal informou que De Souza foi
afastado. “O caso está sendo acompanhado pela Corregedoria, e a instituição
está colaborando com as investigações do Ministério Público e da Polícia
Civil”, disse. *Fonte: Extra.