Dois milhões de brasileiros já têm a nova carteira de identidade nacional. Padrão único para todo o país, o documento traz o CPF como número de registro geral, deixando para trás os antigos números de identidade. Mas apesar das novidades, desenvolvidas pelo governo para dificultar fraudes, quem está com o novo documento tem enfrentado dificuldades no dia a dia, desde a criação de cadastros comerciais até a abertura de contas bancárias.
Em algumas lojas e hospitais, o antigo número do RG ainda é
exigido para que se conclua o cadastro, e atendentes ainda desconhecem o novo
modelo. Além disso, na hora de abrir uma conta em bancos digitais, o documento
também é negado.
Foi o que aconteceu com o engenheiro de transportes, Pedro
Souza. Ele tentou por alguns meses abrir uma conta para a filha, de 2 anos, no
Inter, mas o cadastro era interrompido na hora que o aplicativo pedia que o
documento de identificação fosse lido, e a mensagem "Ops! Documento não
suportado" era exibida na tela.
— Tentei acionar o banco mas nunca consegui resolver. Sempre
falavam que só dava (para abrir a conta) pelo aplicativo e que se o app não
estava suportando, tinha que esperar e que iria sair uma atualização — conta.
Só depois de relatar o caso no portal "Reclame
Aqui" Pedro teve o problema resolvido, quando o banco entrou em contato e
abriu a conta da adolescente internamente, por e-mail.
Em nota, o Inter afirmou que desde outubro de 2023 já é
possível realizar a abertura de contas no aplicativo com a nova Carteira de
Identidade Nacional..
Segundo o governo, os estados terão um prazo de 10 anos para
se planejar e substituir as carteiras do modelo antigo. Além do Rio, no momento
13 estados já emitem a CIN: Acre, Alagoas, Amazonas, Distrito Federal, Goiás,
Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa
Catarina. No fim do ano, o governo federal estendeu até o próximo dia 11 o
prazo para que os outros estados passem a emitir o documento.
Procurado, o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços
Públicos (MGI) afirmou que a nova carteira de identidade nacional deve ser
aceita em todo o território nacional, "para todo e qualquer fim que
demande a inequívoca identificação do cidadão".
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
"O MGI enviou ofício circular a diversos órgãos e tem
trabalhado em conjunto com os demais entes da federação para orientar sobre a
validade da CIN. O MGI também divulgou diversos releases em seu portal e fez
várias publicações nas redes sociais oficiais sobre a CIN", diz a pasta.
Como pedir a nova Carteira de Identidade Nacional?
Para solicitar a nova carteira, é preciso apresentar a
certidão original de nascimento ou casamento e o documento de inscrição no CPF.
Se a pessoa não tiver o CPF, pode fazer a inscrição pelo site da Receita
Federal ou em unidades conveniadas como Banco do Brasil, Caixa Econômica
Federal, Correios e cartórios de Registro Civil. Caso a pessoa não apresente o
CPF, vai receber o modelo antigo de identidade.
O documento tem um QR Code que permite que se verifique a
autenticidade, assim como saber se ele foi furtado, clonado ou extraviado. Há
ainda um código internacional usado em passaportes, chamado MRZ, que facilita o
uso da identidade como documento de viagem. O MRZ é lido em terminais de
autoatendimento nos aeroportos brasileiros. A nova carteira tem ainda elementos
gráficos para dificultar a falsificação.
Também em formato digital
Desde agosto, a nova carteira está no formato digital pelo
aplicativo Gov.br do governo federal. Ela poderá ser baixada após a emissão do
documento impresso. Pode-se procurar o app nas lojas IOS ou Android, fazer o
cadastro e ter acesso ao documento pelo celular.
Até quando vale a antiga carteira de identidade?
O decreto federal que instituiu a CIN determinou que o
documento anterior continue válido no país até 28 de fevereiro de 2032. Os
cidadãos terão nove anos para pedir a emissão, o que possibilita uma transição
gradual para o novo modelo. Idosos não precisam mudar o documento. *Fonte: Extra.