A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta
segunda-feira(14/10), uma ação contra a prática dos crimes de organização criminosa,
fraudes em licitações, corrupção e lavagem de dinheiro praticada por um
deputado estadual do Rio de Janeiro. De acordo com a TV Globo, o parlamentar
investigado é Thiago Rangel, do PMB. As autoridades cumprem mandados de busca e
apreensão em 14 endereços, incluindo a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
(Alerj), a Câmara de Vereadores e a sede da Prefeitura de Campos dos Goytacazes.
As investigações, conduzidas pela Receita Federal e pelo
Ministério Público Estadual, revelaram um esquema criminoso de contratações
diretas, por meio da dispensa fraudulenta de licitação, de empresas ligadas ao
parlamentar estadual investigado. Segundo as autoridades, a ação do grupo teria
resultado em práticas de sobrepreço e no desvio de recursos públicos. O
dinheiro obtido a partir do esquema era lavado por atividades de uma rede de
postos de combustíveis.
O inquérito policial teve início após a prisão em flagrante
de um dos membros da organização criminosa em 2022. Ele foi autuado pela
prática de corrupção eleitoral e, posteriormente, foi apontado como braço
direito do homem que comandava o esquema de lavagem de dinheiro.
Operação Postos de Midas
A ação desta segunda-feira é denominada “Postos de Midas”,
uma analogia ao Rei Midas da Frigia que, segundo a mitologia, adquiriu o poder
de transformar em ouro tudo que tocava. O nome faz referência ao crescimento
exponencial do patrimônio do investigado que, quando concorreu ao cargo de
vereador pelo Município de Campos dos Goytacazes em 2020, declarou um
patrimônio de R$ 224 mil. O total declarado pelo político era composto por dois
veículos, uma participação no valor de R$ 60 mil reais em um posto de gasolina
e um jet ski.
Já em 2022, quando concorreu ao cargo de deputado estadual,
ele declarou um patrimônio de mais de R$ 1,9 milhão. O investigado, atualmente,
conta com uma vasta rede de postos de combustíveis, composta de 18
estabelecimentos, além de 12 empresas identificadas na investigação, de acordo
com a PF.
De acordo com o MP, os mandados de busca e apreensão são
cumpridos nos municípios de Campos, Cabo Frio, Itaguaí e Rio de Janeiro. As
ações acontecem no gabinete do deputado na Alerj, na Diretoria de Aquisições da
Câmara de Vereadores e na Prefeitura de Campos, além da Empresa Municipal de
Habitação (EMHAB).
A residência do parlamentar em Campos e um posto de combustíveis em Bonsucesso, na capital fluminense, também são alvos da operação desta segunda-feira. As medidas foram autorizadas pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ).
Deputado investigado é pai da vereadora mais jovem do Brasil
O parlamentar estadual é pai de Thamires Rangel (PMB),
considerada a vereadora mais jovem do país, eleita há uma semana aos 18 anos.
Ela também foi a única mulher a conquistar uma das 25 cadeiras da Câmara
Municipal de Campos.
O apoio à filha foi além da participação assídua em comícios
e carretas: dos R$ 119 mil recebidos pela candidata em doações de campanha, R$
41,5 mil foram desembolsados por Thiago. A vereadora eleita, no entanto,
diverge do pai em relação a posturas adotadas no meio político.
Uma dessas discordâncias envolve a homenagem de Thiago a
Pablo Marçal, figura com quem Thamires não se identifica, especialmente pelas
declarações desrespeitosas sobre mulheres, relata ela. Em setembro deste ano, o
influenciador e então candidato à prefeitura de São Paulo foi indicado por
Rangel para receber a Medalha Tiradentes, a maior honraria da Alerj, por sua
trajetória no mercado de desenvolvimento pessoal e influência no
empreendedorismo digital.
— Eu respeito as decisões do meu pai, mas tomo as minhas
próprias. Não me interesso por essa homenagem, pois não me identifico com as
visões do Marçal, especialmente porque ele fez declarações desrespeitosas sobre
as mulheres, o que vai contra ao que eu acredito — disse ela em entrevista ao
GLOBO.
*Fonte: O Globo.