Na última terça-feira (01/10), o jornalista Evaristo Costa
contou em entrevista que foi diagnosticado com a Doença de Crohn, uma
síndrome inflamatória do trato intestinal provocada pela desregulação do
sistema imunológico. Segundo a Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da
Saúde, a doença autoimune acomete principalmente a parte inferior do intestino
delgado e do intestino grosso, mas também pode afetar outras partes do sistema
gastrointestinal como boca, esôfago, estômago e ânus.
O principal sintoma da patologia, que fez Evaristo perder
mais de 20 quilos em três semanas, é a diarreia intensa com sangue. Mas outros
sintomas incluem:
- cólica abdominal;
- febre;
- lesões da região anal;
- sangramento retal;
- falta de apetite;
- perda de peso;
- dores nas juntas.
Em vídeo do canal Dr. Ajuda no Youtube, o médico Arceu
Scanavini, cirurgião do aparelho digestivo, detalha os sintomas.
“A pessoa passa a ir várias vezes ao banheiro, durante o dia
e às vezes à noite também. Nos casos mais graves, podem ir mais de 20
vezes ao dia no banheiro. Segundo a presença de sangue nas fezes. O terceiro
sintoma é a presença de muco, que é como se fosse um catarro de nariz, só que
misturado nas fezes. Outro sintoma é a febre. A temperatura acima de 38 graus
pode estar relacionada a essa inflamação no intestino. O emagrecimento faz com
que a pessoa perca peso, mesmo sem fazer dieta, em função da atividade da
doença.”
Uma característica importante é que, por ser uma doença
crônica, os sintomas podem ser intermitentes, ou seja, podem aparecer e
desaparecer. Em média, eles podem persistir por mais de três meses, podendo
melhorar e depois voltar novamente. Nos casos gravíssimos, a Doença de Crohn
pode causar perfuração do intestino, que leva a quadros de dor muito intensa no
abdômen e, às vezes, de maneira súbita.
O doutor Arceu Scanavini afirma que os casos da doença vêm aumentando cada vez mais na população.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
“Pode iniciar em qualquer idade, a partir dos 4, 5 anos, mas normalmente se inicia por volta dos 14, 18 anos. Recentemente, estamos observando um aumento da incidência em crianças, o que até então era muito raro.”
Causas da doença
Segundo o doutor Arceu Scanavini, a medicina ainda não pôde
identificar as causas da doença de Crohn.
“Alguns dados sugerem que morar em cidades poluídas — em
comparação com cidades no campo ou na praia —, o estresse, o uso indiscriminado
de antibióticos na infância, pouco tempo de amamentação, tabagismo, todos esses
fatores podem estar associados com a Doença de Crohn.”
De acordo com Biblioteca Virtual em Saúde, apesar de a
alimentação não ser a causa dessa doença, alimentos pouco condimentados e
suaves agridem menos o trato gastrointestinal quando a patologia está na fase
ativa.
O diagnóstico é feito por exames de imagem e de sangue, como
explica o doutor Arceu Scanavini.
“O diagnóstico normalmente é feito por meio de biópsias,
realizadas por colonoscopia, que avalia o reto e o intestino grosso, ou por
meio de endoscopia, que avalia o esôfago, o estômago, a região da boca. Outros
exames podem ser necessários, tais como cápsula endoscópica, enteroscopia,
tomografia, ressonância magnética. Na presença dos sintomas, você deve procurar
um médico para o correto entendimento do problema.”
Tratamento
A Doença de Crohn não tem cura, mas tem tratamento, de
acordo com o estágio da doença. Segundo o Ministério da Saúde, existe um
sistema que mede o avanço da patologia com base no número de evacuações, dor
abdominal, indisposição geral e ocorrência de fístulas, o que permite
classificar a enfermidade em leve, moderada ou grave.
Segundo o doutor Arceu Scanavini, como a Doença de Crohn é
uma doença autoimune — ou seja, o sistema imunológico está atacando o próprio
corpo —, é necessário o uso de medicamentos, como corticoides e outros
imunossupressores, para diminuir a imunidade do organismo de forma controlada.
O médico cirurgião explica que o foco do tratamento é
aumentar o período sem sintomas e tratar as complicações quando elas
acontecerem.
“Em geral, essas complicações necessitam de tratamento
cirúrgico. Uma vez que o paciente precise ser submetido a uma operação, muita
cautela deve ser adotada para se tentar evitar ao máximo a chance da doença
retornar depois que é feita essa cirurgia. Com o passar dos anos, podem ser
necessários outros procedimentos cirúrgicos e provavelmente o paciente vai
precisar usar medicamentos para evitar que isso aconteça.”
O doutor Arceu Scanavini reforça que, apesar de a Doença deCrohn ter forte impacto na qualidade de vida do paciente, ela tem tratamento
com boas taxas de sucesso, principalmente se for tratada por uma equipe
multidisciplinar especializada.