Rinaldo Luiz de Seixas Pereira, muito conhecido como Apóstolo Rina, fundador da Bola de Neve Church, morreu, neste domingo (17/11), em um acidente de moto em Campinas, interior de São Paulo.
Segundo a assessoria da Bola de Neve, Rina passeava de moto
pelo interior do estado quando sofreu o acidente, que lhe provocou múltiplas
fraturas. Ele voltava de um Culto e estava com o Grupo Pregadores do Asfalto, o
motoclube de sua igreja. Rina tinha 52 anos e deixa quatro filhos.
Formado em propaganda e marketing, o líder evangélico fundou a igreja que tem como marca uma prancha de surfe no
púlpito. Dizia que assim a batizou por estar fundando um movimento que
começaria como uma bola de neve até virar uma avalanche.
Filho de evangélicos, ele contava que sua fé cresceu após
uma hepatite que o fez sofrer dores fortes e "constatar a existência real
do inferno".
Ele estava afastado da liderança da igreja nos últimos
meses, após ser acusado pela esposa, a também pastora Denise Seixas, de
violência doméstica. Rina era investigado em inquérito policial sob suspeita de
"ameaça, difamação, injúria, lesão corporal, falsidade ideológica e
violência psicológica contra a mulher".
Nas redes sociais, ainda se declarava casado com Denise. Ela
chegou a conseguir uma medida protetiva de urgência contra o marido, que teve
uma arma apreendida pela Justiça após a denúncia.
Antes de criar a Bola de Neve, ele frequentou a Igreja
Batista e liderou o Ministério de Evangelismo da Renascer em Cristo. Apóstolo
da Renascer, Estevam Hernandes define Rina como "um filho na fé, um servo
de Deus que produziu grandes frutos e deixa um grande legado de vida".
A Bola de Neve é popular sobretudo entre crentes jovens. Tem
bateria de Carnaval (a Batucada Abençoada), Ministério de Lutas (como
jiu-jitsu) e um dresscode que pouco lembra o visual conservador associado a
igrejas mais tradicionais. As primeiras reuniões, ainda nos anos 1990,
aconteciam numa loja que vendia artigos de surfe, daí adotar uma prancha como
púlpito. Rina gostava de surfar.
"Falávamos de Deus, mas também surfávamos", Rina uma vez disse sobre a origem da sua igreja. "Não éramos uns ETs. Pensamos em algo que começasse pequeno e depois poderia crescer. E Bola de Neve se encaixou, traz um pouco da essência do que é a igreja. É irreverente e não associa logo à religião, a coisa formal. Nosso público já tem muita formalidade em suas vidas e quer ir para a igreja do jeito que ele é, sem precisar representar nada."
A igreja chegou a atrair celebridades convertidas como o
surfista Gabriel Medina, a modelo Sasha Meneghel e seu marido, o cantor gospel
João Figueiredo, e Rodolfo Abrantes, ex-vocalista da banda Raimundos.
Em vídeo postado na internet, Rodolfo afirmou em maio que
sofreu abusos emocionais quando era membro de uma Bola de Neve em Balneário
Camboriú (SC), uma relação que chamou de "abusiva e opressora".
Desligou-se dela há 13 anos.
"Fico muito triste com tudo que está acontecendo pois,
mais uma vez, homens, em nome de Jesus, o representam mal", afirmou após
vir à tona a acusação de violência doméstica contra Rina.
O pastor Silas Malafaia vê "calúnias sérias e
difamações vergonhosas" contra Rina, a quem tinha como "um grande
amigo" que "liderava uma igreja moderna, mas sem abrir mão dos
fundamentos do Evangelho".
Em 2021, Rina deu uma entrevista à Folha de S.Paulo para
defender que templos religiosos continuassem abertos em meio à pandemia da
Covid-19, a despeito do isolamento recomendado para brecar o avanço do vírus.
Falou então em "saúde espiritual em tempos de desesperança".
No ano seguinte, fez campanha pela reeleição de Jair
Bolsonaro (PL). "A adesão à candidatura, entre líderes cristãos, foi
espontânea e natural", disse ao jornal. Achava bom ter "um candidato
realmente de direita" na disputa, que acabou vencida por Lula (PT). * Fonte: Agências de Notícias.
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