A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira
(13), uma operação contra suspeitos de compras de votos e lavagem de dinheiro
nas eleições de municípios da baixada fluminense. Durante a ofensiva, os
agentes apreenderam dois celulares no freezer da casa do prefeito eleito de
Duque de Caxias, Netinho Reis (MDB).
Além de Netinho, também são alvos o secretário estadual de
Transportes, Washington Reis, o atual prefeito, Wilson Reis, e a vereadora e
filha do traficante Fernandinho Beira-Mar, Fernanda Rocha.
Quando os policiais chegaram ao imóvel, Netinho tentou
esconder os celulares dentro do eletrodoméstico. O gestor é sobrinho do
secretário Estadual de Transportes e ex-prefeito de Caxias, Washington Reis
(MDB), que também é alvo da operação.
A Operação Têmis cumpre 22 mandados de busca e apreensão em
São João do Meriti, Nova Iguaçu, Duque de Caxias e na capital fluminense.
Investigações
A investigação teve origem ainda durante o período eleitoral
e motivou uma prisão no dia 2 de outubro. O dentista Eduardo Penha Ribeiro foi
preso em flagrante por lavagem de dinheiro e corrupção eleitoral, com R$ 1,92
milhão em espécie. No dia em que foi flagrado, ele carregava uma bolsa de
dinheiro e outras duas foram encontradas em seu carro.
No interior das bolsas, havia uma lista com os nomes de
diversos políticos, indicando uma possível conexão com o financiamento da
campanha de Duque de Caxias e São João do Meriti.
Além da grande quantidade de dinheiro, comprovantes de
transferências bancárias com a empresa Centro de Imagem e Diagnóstico São Jorge
LTDA foram identificados pelas autoridades, o que evidenciou a teoria de que
ele estaria lavando dinheiro por meio de supostos exames médicos.
Deputado estadual também é alvo
O deputado estadual Valdecy da Saúde (PL), que disputou a
prefeitura de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, também foi alvo de uma
operação de busca e apreensão. Na casa de Wellington da Rosa, assessor de
Valdecy e funcionário público em São João de Meriti e Miguel Pereira, foram
apreendidos R$ 2,28 milhões pela polícia.
Em setembro, uma reportagem do Fantástico revelou a atuação de grupos contratados por políticos durante campanhas eleitorais para aplicar o chamado “teatro invisível”. Vestidos como moradores da região, esses grupos abordavam pessoas nas ruas e espalhavam informações falsas, beneficiando os candidatos que os contratavam ou prejudicando os concorrentes.
A Polícia Federal encontrou um arquivo com o título “Valdecy
campanha teatro”, que detalhava gastos de R$ 55 mil por grupo. Os documentos da
investigação apontam o número de abordagens realizadas e quantas pessoas foram
influenciadas a alterar o voto.
Netinho Reis, prefeito eleito de Caxias, se pronuncia
O prefeito eleito de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense,
Netinho Reis (MDB), se defendeu da acusação de compra de votos, feita pela
Polícia Federal, através de nota oficial, divulgada no começo da tarde desta
sexta-feira (13). No entanto, ele não se explicou sobre a apreensão de um
celular feita pelos agentes em um freezer de sua casa.
Netinho, seu tio e ex-prefeito da cidade, Washington Reis, e
a vereadora de Caxias e filha do traficante Fernandinho Beira-Mar, Fernanda
Izabel da Costa, todos do MDB, foram alvos da Operação Têmis. A Polícia Federal
investiga uma organização criminosa suspeita de compra de votos e lavagem de
dinheiro.
De acordo com o comunicado do prefeito eleito, todas as
contas de sua campanha foram aprovadas pela Justiça Eleitoral, incluindo suas
declarações de renda e bens. Afirmou ainda que todos os gastos do período
eleitoral foram realizados com recursos próprios, doações legais e com o fundo
partidário.
“A própria Polícia Federal informou que meu nome não consta
no manuscrito apreendido pelos agentes e que supostamente apontaria
irregularidades durante a campanha”, disse.
Na nota, Netinho ainda diz que seu patrimônio foi
constituído de maneira idônea e que jamais foi alvo de investigações e
processos criminais. *Com informações das Agências de Notícias.
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