A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP) determinou a interdição total da operação com
hidrocarbonetos na plataforma P-53, operada pela Petrobras na Bacia de Campos,
após auditoria realizada entre os dias 8 e 17 de abril de 2025 constatar riscos
graves e iminentes à vida de trabalhadores e ao meio ambiente.
De acordo com o relatório técnico da ANP, foram encontrados
diversos desvios críticos de segurança, muitos deles semelhantes aos já
identificados em uma interdição anterior da mesma plataforma, ocorrida em
fevereiro de 2024. Entre os principais problemas estão a degradação severa de
estruturas críticas, ausência de medições técnicas confiáveis, falhas na
avaliação de danos e omissões no envio de relatórios técnicos fundamentais,
como o Relatório estrutural por entidade especializada, que sequer foi encaminhado
à agência.
Segundo o documento, vigas com grande degradação estrutural,
inclusive aquelas que servem de suporte para tubulações de fluidos perigosos,
foram ignoradas pela Petrobras nos relatórios apresentados. A ANP alerta que
tais falhas comprometem diretamente a segurança em cenários de incêndio e
explosões, colocando em risco uma população a bordo (POB) de 240 pessoas.
Para o diretor do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF,
Alexandre Vieira, a interdição da plataforma, embora preocupante, é uma medida
necessária diante da falha reiterada da gestão da Petrobras em seguir
protocolos de segurança. “A ANP fez o trabalho dela, que é garantir a segurança
dos trabalhadores a bordo da unidade. A Petrobrás que não mostrou a competência
que tem”, afirmou Vieira.
Vieira destacou ainda que a própria Petrobras realizou uma
auditoria interna, cujos resultados teriam sido pressionados a sofrer
alterações. “Houve pressões sobre as
equipes auditoras, e até um outro relatório, diferente, foi enviado pela área
corporativa da empresa. O Sindipetro denunciou essa auditoria. Tudo isso foi
verificado pela ANP, que identificou a continuidade de problemas na gestão de
segurança da unidade” – denunciou que reforçou
não ser um caso isolado na Petrobrás e que tiveram outras denúncias fora
da Bacia de Campos.
O NF reforça que a Petrobras tem capacidade técnica para
garantir operações seguras, mas falta vontade política da gestão da empresa
para implementar medidas de segurança de fato eficazes. “A gente agradece à ANP
por buscar levar a Petrobras à excelência que ela tem capacidade de alcançar.
Tenho certeza de que é possível resolver os problemas e retomar a produção —
que é expressiva, chegando a 83 mil barris por dia no pico recente. Mas
segurança sempre em primeiro lugar” – comentou.
Tentativa de intimidar auditores - Outro ponto grave
denunciado pelo diretor sindical foi a tentativa da Petrobras de interferir no
processo de escuta dos trabalhadores envolvidos na auditoria. Segundo ele,
quando a ANP solicitou entrevistas com os auditores do primeiro relatório, a
empresa tentou impor a presença de um advogado do setor jurídico nas conversas.
“O pessoal da ANP queria ouvir os auditores que fizeram o primeiro relatório.
Mas aí, do nada, apareceu um representante do jurídico da Petrobras exigindo
que um advogado da empresa acompanhasse os trabalhadores nas entrevistas”,
contou Alexandre Vieira.
Tanto a ANP quanto o sindicato contestaram a medida,
considerada uma forma de vigilância e intimidação. “Esse advogado não estava
ali para defender o trabalhador. Ele é advogado da Petrobras. Estava ali para
vigiar o que seria dito. Isso é inaceitável e mostra o quanto esse jurídico da
empresa tem se mostrado contrário aos interesses dos trabalhadores, sempre com
manobras, recursos absurdos e tentativas de silenciamento
O que em nada contribui com a segurança e a continuidade operacional. Na verdade só agravou o quadro visto pela ANP. A Petrobrás deveria dar mais atenção e respeito ao que seu quadro técnico da ponta operacional diz, pois se assim tivesse, provavelmente as ações corretivas necessárias já teriam sido realizadas.
Fonte: Sindipetro NF.