Projeto de Lei quer dobrar taxação sobre serviços de streaming

 


O novo PL (projeto de lei) que propõe a regulamentação do setor de streaming no Brasil está movimentando os bastidores da Câmara dos Deputados. A medida, que vem sendo apelidada de “Lei Toni Venturi“, sugere dobrar a alíquota atual da Condecine, saltando de 3% para 6% sobre o faturamento bruto das plataformas de streaming que atuam no país.

Condecine mais cara e cota de obras brasileiras

A proposta, que ainda não foi oficialmente protocolada, já circula entre profissionais do setor audiovisual e indica mudanças relevantes. Além da alíquota ampliada, o projeto também prevê uma cota mínima de 10% de produções nacionais nos catálogos das plataformas. A ideia é incentivar a presença de conteúdos brasileiros e reforçar a identidade cultural no ambiente digital.

Relatado pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o novo texto substitui um projeto anterior que tramitava no Senado, sob relatoria do senador Eduardo Gomes (PL-TO). A proposta tem como foco principal impulsionar o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), que financia produções brasileiras de cinema e TV.

Investimento direto com compensação fiscal

Um dos pontos centrais do PL é a possibilidade de as plataformas abaterem até 60% do valor a ser pago à Condecine caso invistam diretamente em produções brasileiras independentes. Isso inclui licenciamento ou pré-licenciamento de conteúdos feitos por produtores nacionais, o que pode abrir espaço para mais diversidade nas telas.

Essa estratégia busca equilibrar a arrecadação com o estímulo direto à indústria criativa. No entanto, entidades do setor alegam que o mecanismo pode tornar a cobrança ineficaz, já que permite ampla dedução sem garantir contrapartidas reais proporcionais.

Críticas à condução política da regulamentação

Apesar do avanço da proposta, a forma como o governo federal tem conduzido o processo foi alvo de críticas públicas. Entidades ligadas ao audiovisual divulgaram uma carta aberta ao presidente Lula e ao Ministério da Cultura, afirmando que o modelo atual de regulamentação não garante a soberania do mercado brasileiro.

Segundo a carta, as propostas em debate no Congresso são vistas como insuficientes para proteger a indústria local, e seriam, segundo os signatários, excessivamente brandas com as gigantes internacionais do streaming. A alíquota de 6% defendida pelo governo é considerada baixa por essas entidades, que sugerem um percentual de até 12%, incluindo receitas publicitárias.

Outro projeto também propõe tributação

Paralelamente, o PL 8889/2017, relatado pelo deputado André Figueiredo (PDT-CE), também tramita na Câmara e defende a cobrança de 6% da receita bruta para a Condecine. A proposta recebeu regime de urgência em 2023, o que indica um interesse do Legislativo em acelerar a discussão.

Ambas as proposições, no entanto, são criticadas por organizações do setor que consideram as regras de dedução amplas demais, o que pode comprometer a efetividade das medidas. Segundo especialistas, a criação de critérios mais claros sobre o que é considerado “produção brasileira” e como as deduções devem funcionar será fundamental para o sucesso da lei.

Plataformas se aproximam do governo

Em meio a esse cenário de debate intenso, empresas como Netflix e Amazon têm estreitado laços com representantes do governo. Elas participam de mesas de negociação e demonstram interesse em projetos como reforma de salas de cinema, ações culturais regionais e promoção de turismo por meio de produções audiovisuais.

Esses movimentos fazem parte de uma estratégia para mostrar disposição em colaborar com políticas públicas. Ao mesmo tempo, as empresas buscam moldar a regulamentação a um formato que não afete significativamente seus lucros ou seu modelo de negócios no país.

Pressão aumenta com envolvimento do alto escalão


Nas últimas semanas, as discussões ganharam força com a participação direta da ministra da Cultura, Margareth Menezes, e do presidente em exercício, Geraldo Alckmin, que se reuniu com representantes do setor e parlamentares. As articulações também envolvem o secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares.

Apesar da pressão e da movimentação nos bastidores, o Ministério da Cultura afirma que ainda não há um texto final fechado e que as negociações fazem parte do processo democrático de construção de consenso. O ministério também sinalizou apoio a um texto substitutivo que unifique as propostas em debate.

Fonte: Mundo Conectado


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